Deixar ir a expetativas
Eu crio expetativa sobre algo e/ou alguém, de que forma a "chantagem emocional" provocada pela minha expetativa me faz sentir? Será benéfico criar expetativa sobre uma situação ou pessoa? Ou não estarei eu também com isto a interferir no espaço do outro e das situações para que as mesmas ocorrem de forma livre, ou seja, livre de expetativas?
Possa ser que surjam sentimentos como raiva, frustação, desilusão e consequentemente medo. Sendo que este último é a causa primeira que desenvolve o pensamento.
Se observarmos bem quanto mais insistimos e pressionamos o outro para obter aquilo que queremos maior afastamento causamos porque há maior resistência. Logo, quanto mais insistimos mais os outros nos resistem. Mesmo que o medo os faça querer algo, que não o que eles querem, mas por correspondência e cedência à resistência, não haverá verdadeiramente uma aceitação interna e mais tarde acabamos por perder o que ganhámos, porque também esta resistência está em nós. Ora pensa lá quando manifestamos o interesse em determinada pessoa não queremos ser demasiado fáceis ou achamos que o ser difícil é algo que temos que ser e por isso vemo-nos a querer. Quando assim é o outro, depois de ter manifestado o interesse poderá cair num lugar de desinteresse e afastamento e aqui quando eu vier a querer estabelecer algo já o outro se afastou. Com isto, é importante percebermos que esta resistência acontece em inúmeros acontecimentos da nossa vida, seja no âmbito amoroso, amizade e até mesmo na obtenção de algum novo trabalho e mudança. Este assunto remete-me também ao que estará por detrás, o que é a causa desta resistência? Pode ser uma crença como o não merecimento; uma crença de identidade aquando do facto de como me vejo e de quais as minhas competências; poderá ser um medo de compromisso, julgamento, não validação, etc.
Todos temos a capacidade de realizar algum esforço, mas não de obter o resultado estritamente expectante que depositamos sobre.
Como deixar ir as expetativas em relação a uma pessoa? Entregarmos os sentimentos que temos a respeito do que queremos da outra pessoa e com isto deixar ir a pressão que exercemos sob a forma de expetativas e desejos. Neste sentido, conseguimos dar ao outro um espaço para que ele possa ser agradável ou até mesmo produzir a ideia e resultado que queríamos que ele fosse deste o inicio e quem sabe por vezes superá-la. Dar o espaço para que, em virtude do amor, possamos projetar o melhor resultado possível sem dele esperar o expectante, mas o agradável para ser o que seja nesta medida de amor e compreensão mutua.
Eu quando tenho expetativa sobre algo tenho-a em forma de algo moldado e projetado pela minha mente, ou seja, como um visão ilusória e por vezes prazerosa. Se eu analisar bem a questão eu vejo que este meu querer parte de uma série de escolhas e decisões tendo por base a minha intenção, assim como a escolha pelo apego à expetativa. Logo, o que eu recebo em relação ao que eu quero é um resultado das minhas escolhas, mesmo que inconscientemente vaia de encontro ao que não quero e/ou penso querer.